Que as vozes não se
calem...que se cumpra Portugal
Deixem-me gritar...pelos
sonhos que de negro se vestiram
No abismo do hoje sem
amanhã...neste barco a ir ao fundo
Nesta janela de liberdade
que os cravos de Abril abriram
Pela carne
retalhada...clama poeta o teu grito ao mundo
Deixem-me gritar pelo
tempo de secura...as mãos vazias
Pelos orfãos da
esperança...pelos sonhos pisados no chão
Chorando Abril nascido em
flor...feito de esperas e utopias
Abre os olhos meu
povo...não deixes que tudo fosse vão
Deixem-me gritar...pelo
tempo futuro...de nuvens coberto
Pela liberdade com
fome...gritai poetas a noite deste povo
Lutai meu povo na rua...de
punhos cerrados e passo certo
É tempo de ressuscitar
Abril...é tempo de nascer de novo
Deixem-me gritar...pelas
Catarinas que clamam em nós
Desfraldem poetas a
bandeira das palavras...digam NÃO
Pelos que não sabem
gritar...emprestem-lhe a vossa voz
Soltem as palavras
poetas...que trazem guardadas na mão
Deixem-me gritar ...pelos
filhos da miséria...da escravidão
Por todos os homens que
dormem nos braços da incerteza
Deixem-me gritar...pelas
crianças a quem roubaram o pão
E pelas mães que embalam
os filhos no regaço da pobreza
Deixem-me gritar...pelos
grilhões que nos esmagam dia a dia
Por esta raiva que me
cresce no peito e esta ânsia aprisionada
Correndo à rédea solta
como um bramido de silêncio e agonia
Deixem-me apenas
gritar...por um Abril que já foi madrugada
Deixem-me gritar...pelos
cravos que de negro se cobriram
Pelas promessas rasgadas
com o chicote da desigualdade
Por todas as mães que
choram...pelos filhos que partiram
Deste chão que é
nosso...deste povo que já gritou liberdade
Não deixes poeta que a
palavra emudeça num grito sufocado
Grita poeta...as tuas
armas são as palavras...faz delas punhal
Faz desse Abril o mais
belo poema de amor jamais cantado
Que nunca mais as vozes se
calem...que se cumpra Portugal.
Autoria de Rosa Maria.
Agradeço a querida Rosa "Rosa solidão", pelo consentimento em publicar seu lindo poema.
Paz, Celina.
PS:
A Revolução dos cravos, denominada historicamente Revolução
de 25 de Abril , refere-se a um período da história de Portugal
resultante de um movimento social, ocorrido a 25 de abril
de 1974,
que depôs o regime ditatorial do Estado Novo, vigente desde 1933 , e iniciou um
processo que viria a terminar com a implantação de um regime democrático
e com a entrada em vigor da nova Constituição a 25 de abril de 1976,
com uma forte orientação socialista na sua origem.
A população distribuiu cravos vermelhos aos soldados, que os
colocaram nos canos de seus fuzis, transformando a flor no símbolo da Revolução
de 25 de Abril, como também é chamada.
17 comentários:
Lindo poema da Rosa Solidão ,tão bem inspirada sempre! abraços aos amigos e amigas de Portugal e pra ti, um beijo! chica
Excelente escolha do belo poema da nossa Rosa.
Celina, querida, espero que esteja bem.
Beijos,
Renata
Oi Celina
Uma grito forte e pujante clamando pela liberdade. Belíssimo poema da Rosa. Minha querida uma escolha espetacular
Beijos no coração
Gracita
O poema da Rosa é muito bom. É sobretudo um grito de alerta, porque estamos a perder progressivamente muitas das conquistas dessa revolução. Mas a Revolução dos cravos foi muito mais do que a queda de um regime fascista e a substituição pela democracia. Foi o acabar de uma guerra que deixou muitas viúvas, muitos órfãos e mesmo os que voltavam vinham estropiados física e mentalmente. A maioria dos homens, entre os 65 e os oitenta estão hoje ainda a sofrer de stress de guerra e arrastam-se pelos consultórios dos psiquiatras.
Em paga de tudo o que sofreram com a guerra e com a Malária, o estado pelo qual estavam dispostos a dar a vida, e milhares deram-na efectivamente, corta-lhes hoje as pensões e aumenta-lhes a carga fiscal, tornando o resto da sua vida num calvário.
No Sexta também assinalei o dia da Liberdade, que hoje está cada dia mais estropiada.
Um abraço e bom fim de semana
Ai,que coisa linda esse poema da Rosa! Ótima escolha,Celina! bjs,
Que lindo Celina, voce compartilhar uma obra bela e perfeita da Rosa neste contexto desta marca na historia de Portugal.Os cravos encravados nas armas que se preparavam para a morte e tomada de poder.A Rosa traduziu belamente em poesia este fato, este marco da historia portuguesa.
Parabéns pelo ato nobre.
Uma linda semana a voce com meu terno abraço de toda paz e luz em seus dias.
Fiz o comentário, mas não ficou... Vamos novamente...
Celina, bonita homenagem aos amigos de Portugal! Poema tocante!
Uma ótima semana... Abraços...
Haja paz na Terra e nos corações...
Poema lindo e inspirador da querida Rosa Solidão. Parabéns pelo bom gosto Celina! Fica com Deus.
Como sempre passear pelo seu blog é um grande aprendizado, nunca fui muito bom em história, e esse poema além de gostoso é enriquecedor, parabéns!!!
Minha querida Celina
É um prazer imenso estar aqui no teu cantinho de partilha e amizade.
Obrigada pelo carinho e obrigada pelos lindos comentários que me deixaram.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Simplesmente sensacional, poema condiz um pouco com a nossa realidade...além de ser muito bonito...
Belo Poema, bom dia e parabéns.
Maravilhoso poema!!
Relatando esse momento histórico vivido pelos nossos irmãos Portugueses.Parabéns Rosa por sua arte e a vc Celina pela escolha encantadora.
Bjss...
Parabéns !Bela escolha para homenagear Portugal!Linda poesia,muito inspirada a poetisa!
Celina, bom dia.
O poema dos cravos é lindo, mas toda democracia infelizmente é conquistada com guerras, lutas e sangue dos nossos irmãos.O importante é que nunca seja esquecida.
Lindos são os cravos que simbolizam esta guerra do dia 25 de abril.
Parabéns Rosa!!
Lourdes Gregório (filha)
Grita sempre por todos os direitos....
Beijo Lisette
Olá Celina desejo que esteja bem e que a família esteja em sintonia com alegria.
Desejo que sua semana esteja a fluir belamente.
Grato sempre pela atenção e carinho.
Carinhoso abraço
Beijo de paz amiga.
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