quinta-feira, 15 de abril de 2010

A primogênita


Hoje vou falar da minha primeira filha, ela foi a companhia dada por Deus para as minhas noites de solidão e medo. Solidão pois meu marido sendo militar tinha que tirar serviço e as vezes até de prontidão ele ficava.


Eu tinha medo dos temporais que enfrentávamos juntas, onde o ruído dos trovões a assustava. Durante a tormenta eu a colocava na cama comigo e me abraçava a ela, protegendo-a e a mim também.


Na minha ignorância com referência a crianças o meu marido comprou um livro para aprendermos o que fazer. O livro era completo, ensinava desde a alimentação, os primeiros cuidados, os sintomas de certas doenças. O nome do livro era "O conselheiro médico do lar".


Eu trabalhava muito, mas tinha tempo para brincar com ela, pois quando ela me avistava, começava a sorrir e balançar as perninhas, eu a pegava no colo e ficava brincando com ela, quando a colocava no berço de volta ela ensaiava um choro, mas depois alguma coisa chamava sua atenção e continuava a brincar.


Havia laços fortes muito fortes nos unindo, era um amor tão grande que cheguei a pensar que não amaria a ninguém mais daquele jeito, pensei que aquele amor fosse único.


Depois chegaram os outros filhos e eu vi que uma mãe pode amar igualmente os seus filhos, mas existe algo além do amor que é a afinidade, isto nós temos e de maneira mútua, pois ela me demonstra todos os dias.


Em janeiro deste ano ela realizou um dos seus maiores sonhos, conhecer a terra em que nasceu. Viajou com os filhos para Santa Maria no Rio Grande do Sul. Chorou de emoção ao ver a terra tão comentada por mim e o pai, passou o dia 25 de janeiro (dia do seu aniversário) na cidade, com direito a bolo e velinhas, me trouxe fotografias e um CD cujo título era "Coração do Rio Grande do Sul".


Estava tudo lá, as praças o hospital universitário onde nasceu. mas estava tudo modificado, afinal já se passaram tantos anos. Ela me convidou para acompanha-la mas eu preferi ver o filme que esta na minha mente. Um lugar simples mas poético, com os pés de cinamomo, onde eu me sentava a sua sombra com ela no colo. A praça mais bonita na época era a de Dr Bozano. Eu via brotar na primavera os pés de ervilhas plantados aos pés da cerca e no pomar as macieiras e os pessegueiros repletos de flores, junto ao tanque onde lavava nossas roupas haviam muitas flores "Copos de leite" que tornavam a minha tarefa leve, diante tanta beleza.


Eu tenho inteirinho este filme na cabeça e me pergunto "Será que fui eu?". Que passei por dias tão lindos que não voltam mais, retalhos de uma vida vivida com sacrifício e muito amor. Chego a me perguntar se tudo não foi um sonho bom, cheio de belas recordações e lindos cenários, cercados de belos coadjuvantes, pessoas boas com as quais aprendi muito.


Se tivesse o dom de pintar, reproduziria em diversos quadros o que foram esses quase quatro anos passados no sul do país, com certeza seriam belíssimos, da maneira como continuarei guardando na mente e no coração.
Paz para todos, Celina.

12 comentários:

Sônia Silvino (CRAZY ABOUT BLOGS) disse...

Que lindo, amiga!
Me emocionei!!!
Bjkas, muitas!

Luz de Vagalume disse...

Celina, gosto muito de seus textos, principalmente os que são escritos com o coração!Belíssima mensagem!Um beijo!

Mariana disse...

Celina, que linda a história.
Eu só não nasci lá, mas passei minha infância e até os 24 anos morei lá.Estive em SM na páscoa.
é cidade universidade e militar.
tem um post sobre SM.
Que legal a maneira q descreveste,consegui sentir a emoção.

Caca disse...

Celina, você disse algo que , de fato, me impressiona. Na minha casa somos nove irmãos e desde pequeno eu notava que a minha mãe tinha lá suas predileções, apesar de devotar muito amor por todos nós. Depois foi a minha vez. Eu tenho duas filhas, mas sinto que a mais velha tem uma afinidade tão maior comigo, que fico me policiando para a outra não se sentir preterida, afinal amo as duas incondicionalmente e muito. Adorei a sua narativa. Meu abraço. Paz e bem.

ONG ALERTA disse...

Lindo, veio aqui para o sul...importante cultivar e conhecer as raizes, paz, beijo Lisette.

Anônimo disse...

Celina, não precisa saber pintar com tintas, você pintou muito bem com palavras e emocionei-me muito. Também sou santamariense, e seu texto remeteu-me a um passado distante que guardo em meu coração. Obrigada.Um grande beijo.

Mariana disse...

Celina vim te visitar, voltarei em breve.
Boa semana.

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Que lindo, Celina. Não imagina o quanto me emocionou. Os filhos são uma bênção de Deus. Lembrar deles é indescritível. Tenho ótimas recordações, em cores vivas e alegres, de minha filha Marcela, que há quatro anos vive no Mundo Espiritual. Beijos, amiga, e tenha uma semana feliz.

Anônimo disse...

Amiga!
Vim agradecer a sua participação no meu diário. Venha sempre!
Bjssssss!

Mariana disse...

Celina, aonde tu andas, guria?
espero que estejas bem.
deixo um grande abraço.

gregus disse...

Pensou que ia ficar sem o meu comentário não é mesmo Celina ???
Impossível não se emocinar, cada pequeno detalhe, cada passagem, nos transporta para bem perto dessa linda estória.
Parabéns pelos seus posts Celina.

poetaeusou . . . disse...

*
minha filha minha vida
és meu sangue e meu carinho
meu pássaro de carne meu amor !
,
in-ary dos santos,
,
conchinhas,
,
*