Ela se chamava Mariana, estava em Brasília na mesma situação que eu, o marido era funcionário público e tinha sido transferido, o meu era Militar.
Conhecemo-nos por acaso, um dia eu estava fazendo compras no Conjunto Nacional e ela estava pagando suas compras e conversando com a funcionária, reconheci pelo sotaque que era do nordeste, terminei perguntando qual era o estado de onde ela vinha, ela prontamente me respondeu Paraíba.
Interessante que o Nordeste é composto por nove estados, cada um com seu sotaque diferente, quando vou a minha terra natal dizem que estou falando como Pernambucana!
Vamos continuar a nossa história, deste dia em diante nos tornamos amigas, ela era só simpatia, muito educada, depois de visitarmos uma a outra (o nordestino é muito carente fora da sua região). Fiquei sabendo depois que ela vendia roupas o comércio de Brasília nesta época deixava muito a desejar, ela comprava em São Paulo e no Rio de Janeiro e sapatos em Belo Horizonte, ela tinha uma grande clientela e eu passei a ser mais uma.
Um dia ela chegou à minha casa com um convite, ia fazer um desfile e convidou as minhas duas filhas mais velhas para fazer parte, sendo que meu marido não consentiu, e eu arranjei uma desculpa (nisto nós mulheres somos experts) ela ficou um pouco desconcertada, mas tudo bem, desejei boa sorte, esqueci o fato e toquei a vida em diante.
Passado alguns dias eis que ela liga dizendo que queria falar comigo urgente! Estranhei um pouco, mas fui até sua casa, meu marido me deu uma carona enquanto ele resolvia alguns assuntos no Shopping.
Mariana morava no inicio da asa Norte, ao chegar em sua casa encontro logo de entrada várias clientes e amigas “dondocas” ,quando a minha amiga me viu pediu licença e disse que tinha um assunto particular para falar comigo e me levou para seu quarto que ficava no andar de baixo do seu atelier.
Ao chegar ao seu quarto ela começou a falar nervosamente e, desabafava dizendo que o desfile tinha sido um fiasco, teve muita fofoca que a deixou aborrecida, à medida que falava ia ficando sem ar, sua cor começou a mudar ficando arroxeada, por mais que eu pedisse para ela se acalmar mais ela falava, quando de repente ela desmaia, imaginem meu desespero!
Imediatamente subi e pedi ajuda as “dondocas”, foi o maior rebuliço, ligamos para o marido de Mariana e juntamente com algumas clientes e amigas ela foi socorrida para o hospital.
Pois bem, ainda falta o epílogo!
Ao voltar para casa, contei o fato ao meu marido, e mais tarde liguei para saber se estava melhor. No dia seguinte ao retornar a ligação e agradecer a minha assistência, fiquei surpresa com o que minha amiga me relatou.
Mariana falou que no meio de todas as clientes que a socorreu, uma delas sofria de esquizofrenia, vendo que a amiga desmaiou ao falar comigo, ela começou um verdadeiro show no hospital dizendo que eu iria pagar que iria me matar! Imaginem só, ela possuía um punhal na bolsa!
Esta criatura ficou com ideia fixa querendo me matar, graças a Deus ela não sabia onde era minha casa, mas soube que a mesma foi ao SMU (Setor Militar Urbano)onde nos morávamos atrás de mim , foi barrada ao tentar entrar na vila militar e seu marido foi chamado por ela está portando uma arma. Que confusão!!
O meu marido ficou super chateado e foi falar com o marido da mariana para saber o endereço da moça que queria me matar, o marido da minha amiga falou que o mesmo era um sofredor que vivia entre internamentos e escândalos da sua esposa.
Resultado a minha amiga perdeu a cliente, não tinha condições de voltar ao seu atelier, mas a amizade continuou , pois sempre nos falávamos por telefone. Até o dia que ela voltou para sua terra e depois perdemos o contato.
Para o meu marido eu cortava a amizade imediatamente, ele ficou muito chateado com o ocorrido, mais ela não teve culpa, ou teve? Para mim ela estava longe da família e recorreu a mim.
Foi mais uma lição de vida
Paz Celina
*Imagem retirada da Internet no Google Imagem