quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O Poeta


É um elo entre este mundo e o outro;uma fonte cristalina onde bebem as almas sedentas; uma árvore plantada á beira do rio da beleza e cujos frutos alimentam os corações famintos;

Um rouxinol que salta entre os ramos das palavras e canta melodias que enchem o coração de ternura e meiguice; uma nuvem branca que aparece ao horizonte e, depois , sobe e cresce até cobrir a face do céu para cair em chuva e regar as flores do campo da vida;
Um rei que os deuses enviaram para ensinar aos homens as verdades divinas;uma luz mais forte que vence todas as trevas, e é alimentada pela própria Astarté, a deusa do amor, e por Apolo, o deus da música;

Um solitário cuja veste é a natureza, e cujo guia é o espírito; um lavrador que planta as sementes de sua alma nos campos das emoções, e ceifa colheitas abundantes de que a humanidade se nutre.

Eis o poeta, que os homens desconhecem na vida e somente descobrem quando ele se despede deste mundo para voltar à sua pátria celestial. Nada pede à humanidade senão um sorriso. E ela não lhe oferece, em troca das belezas por ele criadas, sequer o pão e o abrigo.

Até quando , ó mundo, elevarás monumentos aos que mancham a terra de sangue, e desprezarás os que te oferecem suas almas em paz e amenidade?

Até quando honrarás os assassinos e os déspotas, e esqueceras os que aceitam todas as privações para te ensinar a ver o esplendor do dia e te guiar no caminho da alegria?

E vós, poetas, vida da vida, que vencestes os séculos apesar da crueldade dos séculos, e conseguistes as coroas de glória apesar dos espinhos da vaidade reinas nos corações, e vosso reinado não terá fim.


Do livro "Uma Lágrima e um Sorriso" de Gibran Khalil Gibran.

Paz Celina

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O Animal Mudo


“E há nos olhares do animal mudo, palavras que somente compreende a alma dos que sabem.”

(Um poeta hindu)


No entardecer de um dia em que minhas fantasias haviam dominado minha razão, fui passear nos limites da cidade e parei diante de uma casa abandonada e quase em ruínas que revelava a emigração e o triste abandono. E vi um cachorro mísero que jazia nas cinzas, o corpo recoberto de chagas. Olhava o sol que descia para o poente com olhos onde se refletiam todas as sombras do esmagamento e da desesperança.

Parecia compreender que o sol ia recolher seus raios quentes daqueles lugares abandonados, e despedia-se dele com tristeza.

Aproximei-me devagar, lamentando não falar sua língua para poder consolá-lo nas suas aflições. Mas ele se assustou, e com o pouco de vida que lhe restava fez um esforço para se levantar. Não o conseguindo, dirigiu-me um olhar onde se misturavam a amargura da súplica e a doçura da prece, a solicitação e a censura. Um olhar tão expressivo quanto as palavras do homem e as lágrimas da mulher.

Então, meus sentimentos e minhas emoções vibraram dentro de mim, e minha alma compreendeu a linguagem daquele olhar, e traduziu-a em palavras humanas.

Diziam os olhos do cão:

Não me basta, ó homem, a minha desolação? Não basta o que aguentei da perseguição dos teus semelhantes, e das dores das doenças? Prossegue no teu caminho e deixa-me receber em paz, do calor do sol, alguns minutos de vida. Fugi das injustiças e crueldades do homem. E refugiei-me nestas ruínas menos inclementes que sua alma. Deixa-me. Tu és um deles, os habitantes desse mundo imperfeito e cheio de injustiças. Sou um simples animal. Mas servi ao homem com devoção e lealdade, e protegi-o como um bom cão de guarda. Partilhava seus pesares e suas alegrias. Sentia a sua falta quando se ausentava, e recebia-o com júbilo quando voltava. E satisfazia-me com as migalhas de e sua mesa e com um osso de que havia roído toda a carne.”

“Mas, quando envelheci e adoeci, desprezou-me e expulsou-me de sua casa e deixou-me à mercê dos garotos cruéis das ruas, e abandonou-me às moléstias e aos micróbios.

“Sou, ó homem, um animal fraco. Mas encontrei uma semelhança entre mim e muitos dos teus irmãos que, quando perdem suas forças, perdem também seu ganha-pão e seu prestígio.

“Sou como um soldado que serve à pátria com a guerra, na juventude, e cultiva a terra, na idade madura; mas é abandonado e esquecido quando chega o inverno da vida.

“Sou como uma mulher que, moça, alegrou os corações, e esposa, criou os filhos ao preço de mil sacrifícios; mas que quando envelheceu, sofreu o desprezo e o esquecimento. Como és injusto, ó filho de Adão, e como és cruel!”

O olhar do cão falava, e meu coração compreendia e minha alma pena dele e minha pena de todos os homens, meus semelhantes!

E quando fechou os olhos, não quis incomodá-lo, e fui embora.

Do livro ”Uma Lágrima e um Sorriso” de Gibran Khalil Gibran


Paz Celina

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A Doutrina Espirita: Ciência, Filosofia e Religião.



Ela não te pergunta quem é você, o que faz, só lhe interessa o que você será.

Todos podem participar dos seus ensinamentos, podem ser de qualquer raça, cor ou credo.

Só tem uma coisa, ela não vai te buscar, é preciso que você a busque.

Se existe uma coisa que ela respeita é o livre arbítrio de cada um, até dos seus participantes, é ensinado através das aulas o que fazer para a nossa melhoria espiritual.

Temos uma imensa bibliografia.

E observando quando o Apostolo Paulo diz que “tudo nos é licito mais nem tudo nos convém”.

Então somos pessoas diferentes?!Nada disso, talvez mais compromissadas, precisando orar muito, e orar trabalhando. Aproveitando a oportunidade que nos foi dada!

Como é trabalhar em equipe? É a maneira melhor de servir, aprendendo a conviver em sociedade, nos testando sempre.
É uma pena que a maioria só chegue à doutrina pela dor!

Respeitamos todas as religiões, não devemos discuti-las, cada qual segue aquela que admira, nem quando somos insultados, atacados pelo preconceito, não temos o direito de retribuir os insultos, o melhor é calar!!

O lema é: Fora da Caridade não há Salvação!

E a Lei é estudar sempre para conhecer a doutrina. Não somos anjos ou santos, somos criaturas de Deus aproveitando a oportunidade da reencarnação, para a nossa melhoria.

Lembrar que cada qual tem os pais que precisa e os governantes que merecem!
Espirita instruívos! (Espirito de Verdade)

Paz Celina

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Voltei


Estávamos morando em Brasília quando o meu marido foi transferido para a reserva, depois de varias reuniões familiares, finalmente resolvemos que voltaríamos a morar no Recife e que a viagem seria de carro, para virmos passeando.

O nosso carro na época era um Maverick, o orgulho do meu marido, estávamos regressando só com as três meninas, os filhos homens ficaram em Brasília nos seus empregos, a outra filha tinha casado e residia em Recife.

Preparamos o carro, as nossas malas seguiram junto a mudança, levávamos somente o necessário nas bagagens de mãos. A mala do carro eu enchi de plantas, eu adoro plantas, e não iria deixar minhas avencas, minha “Avenca Chorona” e demais plantinhas, forrei a mala do carro com jornais e em cada lugar que parava eu pedia ao meu marido para abrir a mala para molhar as mesmas para que pudessem aguentar a viagem.

Não vou contar a viagem toda, só as coisas mais marcantes, como a visita a Cordisburgo a terra de Guimarães Rosa e seu museu, a gruta de Maquiné belíssima etc...

Quando chegamos a Feira de Santana para almoçarmos, nos indicaram um restaurante bastante recomendado por todos na cidade por sua excelente culinária, eu entrei logo junto a minha filha caçula, meu marido sempre mais vagaroso veio logo atrás com as outras filhas, não é que surgiu um briga na rua, e o dono do restaurante revolveu fechar a porta do estabelecimento deixando meu marido e filhas lá fora, fiquei no maior desespero sem poder sair e saber como estava as coisas lá fora! Meu marido ao seu lado ficou muito nervoso para poder entrar e saber como estávamos! Logo chegou a policia e acabou a confusão!

Outro episodio foi quando perto de João Monlevade quase ocorreu um acidente, meu marido tinha cegueira noturna, por isto só viajávamos de dia, por estar muito frio a estrada estava com um pouco de neblina e escureceu cedo, o acostamento da rodovia estava em obras, tinha mais ou menos uns dois metros de profundidade, quando foi ultrapassado por um veiculo na faixa contraria com os faróis acesso meu marido ficou sem enxergar e caiu com duas rodas no meio fio em obras, olha o susto!


Foi necessário que os trabalhadores viessem em nosso socorro, felizmente ninguém se machucou, mas ele para continuar a viagem em segurança ficou colado nas lanternas traseiras de um caminhão que serviu de guia o tempo todo, o pior era que o motorista corria tanto e o medo aumentava junto.

Ao chegar na entrada da cidade o caminhoneiro parou e meu marido aproveitou para falar com ele que disse que corria por medo de sermos assaltantes.

Ao chegarmos a pousada eu não quis nem jantar, tomei um banho e cai na cama, quando minha família chegou do jantar eu já estava sonhando.

No outro dia pela manha quando estávamos para pegar a BR, outra duvida cruel! Para qual lado se chega ao Recife?! Eu insistia em um sentido, meu marido e filhas para o outro, começou a teima! Então propus o seguinte, seguir o meu palpite e na primeira placa indicativa voltaríamos se fosse o caso. Graças a Deus eu estava certa!

Depois desse trecho as cidades ficaram mais próximas, sem perigo de anoitecer na BR.Ao chegarmos ao Recife estávamos em pleno carnaval e por pura coincidência estava tocando no radio do carro o frevo “Voltei Recife”.Cheguei tão cansada, quase morta, viajar de automóvel nunca mais! Só se for uma viagem bem curta, minhas filhas adoraram a viagem e tiveram assunto para muito tempo.

Paz Celina

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Benefícios Pagos com a Ingratidão


19. Que se deve pensar dos que, recebendo a ingratidão em paga de benefícios que fizeram, deixam de praticar o bem para não topar com os ingratos?
Nesses, há mais egoísmo do que caridade, visto que fazer o bem, apenas para receber demonstrações de reconhecimento, é não o fazer com desinteresse, e o bem, feito desinteressadamente, é o único agradável a Deus. Há também orgulho, porquanto os que assim procedem se comprazem na humildade com que o beneficiado lhes vem depor aos pés o testemunho do seu reconhecimento. Aquele que procura, na Terra, recompensa ao bem que pratica não a receberá no céu. Deus, entretanto, terá em apreço aquele que não a busca no mundo. Deveis sempre ajudar os fracos, embora sabendo de antemão que os a quem fizerdes o bem não vo-lo agradecerão. Ficai certos de que, se aquele a quem prestais um serviço o esquece, Deus o levará mais em conta do que se com a sua gratidão o beneficiado vo-lo houvesse pago. Se Deus permite por vezes sejais pagos com a ingratidão, é para experimentar a vossa perseverança em praticar o bem. E sabeis, porventura, se o benefício momentaneamente esquecido não produzirá mais tarde bons frutos? Tende a certeza de que, ao contrário, é uma semente que com o tempo germinará. Infelizmente, nunca vedes senão o presente; trabalhais para vós e não pelos outros. Os benefícios acabam por abrandar os mais empedernidos corações; podem ser olvidados neste mundo, mas, quando se desembaraçar do seu envoltório carnal, o Espírito que os recebeu se lembrará deles e essa lembrança será o seu castigo. Deplorará a sua ingratidão; desejará reparar a falta, pagar a dívida noutra existência, não raro buscando uma vida de dedicação ao seu benfeitor. Assim, sem o suspeitardes, tereis contribuído para o seu adiantamento moral e vireis a reconhecer a exatidão desta máxima: um benefício jamais se perde. Além disso, também por vós mesmos tereis trabalhado, porquanto granjeareis o mérito de haver feito o bem desinteressadamente e sem que as decepções vos desanimassem. Ah! meus amigos, se conhecêsseis todos os laços que prendem a vossa vida atual às vossas existências anteriores; se pudésseis apanhar num golpe de vista a imensidade das relações que ligam uns aos outros os seres, para o efeito de um progresso mútuo, admiraríeis muito mais a sabedoria e a bondade do Criador, que vos concede reviver para chegardes a ele. – Guia protetor. (Sens, 1862.)

Evangelho Segundo o Espiritismo -Capítulo -X I I I-Não saiba a vossa mão
esquerda o que dê a vossa mão direita-INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS "Benefícios pagos com a ingratidão".

Paz Celina