
É um elo entre este mundo e o outro;uma fonte cristalina onde bebem as almas sedentas; uma árvore plantada á beira do rio da beleza e cujos frutos alimentam os corações famintos;
Um rouxinol que salta entre os ramos das palavras e canta melodias que enchem o coração de ternura e meiguice; uma nuvem branca que aparece ao horizonte e, depois , sobe e cresce até cobrir a face do céu para cair em chuva e regar as flores do campo da vida;
Um rei que os deuses enviaram para ensinar aos homens as verdades divinas;uma luz mais forte que vence todas as trevas, e é alimentada pela própria Astarté, a deusa do amor, e por Apolo, o deus da música;
Um solitário cuja veste é a natureza, e cujo guia é o espírito; um lavrador que planta as sementes de sua alma nos campos das emoções, e ceifa colheitas abundantes de que a humanidade se nutre.
Eis o poeta, que os homens desconhecem na vida e somente descobrem quando ele se despede deste mundo para voltar à sua pátria celestial. Nada pede à humanidade senão um sorriso. E ela não lhe oferece, em troca das belezas por ele criadas, sequer o pão e o abrigo.
Até quando , ó mundo, elevarás monumentos aos que mancham a terra de sangue, e desprezarás os que te oferecem suas almas em paz e amenidade?
Até quando honrarás os assassinos e os déspotas, e esqueceras os que aceitam todas as privações para te ensinar a ver o esplendor do dia e te guiar no caminho da alegria?
E vós, poetas, vida da vida, que vencestes os séculos apesar da crueldade dos séculos, e conseguistes as coroas de glória apesar dos espinhos da vaidade reinas nos corações, e vosso reinado não terá fim.
Do livro "Uma Lágrima e um Sorriso" de Gibran Khalil Gibran.
Paz Celina