quinta-feira, 24 de junho de 2010

O que foi visto nunca será esquecido

O Nordeste é cheio de histórias fantasiosas de assombrações, servindo como prato cheio para muitos dos autores regionais, nosso mestre Gilberto Freire escreveu um livro em que fala sobre diversas assombrações no Recife antigo.

A que vou contar escutei nas noites dedicadas a histórias de assombrações na casa de uma das minhas tias, no sítio em que moráva, onde a luz elétrica demorou décadas para chegar. As noites eram muito escuras, exceto em noites de lua cheia, mas mesmo assim não ficava muito claro devido as árvores e a vegetação densa, os moradores diziam que as bananeiras em noite de luar ficavam mal assombradas, devido ao reflexo das luzes nas folhas, formando imagens diversas, diziam eles.

A história é a seguinte, começava com uma casa abandonada, onde ninguém ousava morar devido a muitas estórias que se contavam a respeito dela, sobre a mesma ser mal assombrada. Uma vez chegou um moço de fora, vinha viajando há muitos dias, viu a casa e como ela estava vazia resolveu pernoitar ali, armou uma rede sem nem se importar em limpar um pouco, já que tudo ali estava abandonado havia um bom tempo, fez uma pequena refeição, bebeu alguns goles de água do cantil e deitou-se.

Não passou muito tempo e ele escutou passos, que ele julgou ser de alguém que viera reclamar da invasão da casa, logo ele viu uma pessoa se aproximar, ele então sentou na rede e ficou esperando aquela pessoa chegar, quando o jovem aproximou a vista e ia falar algo eis que de repente surge um um cão preto enorme, com olhos horríveis que chegavam a brilhar como fogo, enfiando uma das patas dentro da boca do moço, logo depois deu um gemido alto e ambos desapareceram na noite.

O hóspede foi encontrado no outro dia desmaiado, bastante atordoado contou que lhe deu mais medo foi o gemido alto de dor emitido pela entidade.

Estas e muitas outras histórias embalaram a minha juventude, mais tarde quando me tornei espírita, vim entender muito desses fenômenos fantásticos.

Paz, Celina.

domingo, 20 de junho de 2010

Jesus no Gestêmane

E foram a um lugar chamado Gestêmane, e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu oro.
E tomou consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, e começou a ter pavor e angustiar-se.
E disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui e vigiai.
E, tendo ido um pouco mais adiante, prostrou-se em terra; e orou para que, se fosse possível passasse dele aquela hora.
E disse: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis, afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu que
res.
E, chegando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, dormes? Não podes vigiar uma hora?
Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fr
aca.
E foi outra vez e orou, dizendo as mesmas palavras.
E, voltando, achou-os outra vez dormindo, porque os seus olhos estavam carregados e não sabiam o que responder-lhe.
E voltou terceira vez e disse-lhes: Dormi agora e descansai. Basta, é chegada a hora. Eis que o filho do homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores.
Levantai-vos, vamos, eis que está perto o que me trai.

Marcos 14: 32-42.

Nesta passagem bíblica, Jesus nos mostra que mesmo acompanhados pelas pessoas amadas, a nossa cruz que são as nossas dores morais, que doem mais do que as físicas, tem que ser choradas sozinho, a dor é nossa. A angústia que ele estava passando era muito dolorosa, por isso ele pediu a companhia dos apóstolos amadoa para vigiar enquanto ele orava, e o que aconteceu, eles dormiram o deixando sozinho no seu sofrimento.
Ele sabia da fragilidade do ser humano e não deixou de nos dar esta lição.

O que nós devemos fazer ao passar por momentos de dor, orar primeiro àquele que pode nos aliviar e nos dar a coragem necessária para atravessar estes momentos difíceis de nossas vidas, e depois contar com aqueles que nos amam e ajudam a carregar a nossa cruz.

Paz, Celina.

The Versatile Blogger

Fiquei muito feliz com a indicação do meu blog para o selinho "The versatile blogger", muito obrigada Maria, que Deus a abençoe. um abraço carinhoso, Celina.

Parece-me que tenho que dizer 9 coisas sobre mim e indicar 9 blogs.


-Sou apaixonada pela vida.
-Amo a minha família e os meus amigos.
-Admiro a natureza, principalmente as montanhas.
-Aprendo muito nos blogs dos meus amigos e os amo.
-Sou verdadeira e fiel.
-Dos animais, o que gosto mais é o cachorro.
-Adoro a boa música
-Não gosto de pessoas egoístas.
-Gosto de pessoas simples como eu.


Os blogs que indico.

http://uaimundo.blogspot.com/
http://annelieri.blogspot.com/
http://soniasilvinoreflexoes.blogspot.com/
http://blogdamarianamoura.blogspot.com/
http://pensamentosefotos.blogspot.com/
http://arcadoconhecimento.blogspot.com/
http://marliborges.blogspot.com/
http://cuidandonossocanteirointerior.blogspot.com/
http://ong-alerta.blogspot.com/


Paz, Celina

domingo, 13 de junho de 2010

Um amor quase perfeito, parte final


Fomos cuidar do enxoval, só o necessário, mamãe começou a chorar desde este dia, ela também exigiu só sairíamos de lá depois de casados no católico e no civil, desta vez ela quase saia vitoriosa, pois ele ainda não tinha cinco anos como sargento, e segundo as normas daquela regra não poderíamos nos casar, mas os amigos dele o orientaram para que ele casasse no católico e depois oficializasse a união quando completasse o prazo

O carnaval neste ano caiu em março, logo no início do mês, ele me avisou que não poderia vir passar comigo pois iria resolver uns assuntos, só na segunda-feira estaria voltando, eu nem pensava em ir, a prisão agora era reforçada, mas a minha prima foi passar o carnaval em casa.

Quando voltou ela olhava para mim de forma diferente, ria como se quisesse dizer algo, até que foi forçada a contar o que tinha havido, isto se eu prometesse não contar a ele, eu prometi e ela contou que tinha ido ao baile no clube e se deparou com ele numa mesa com uns cinco amigos, e uma baiana muito linda, sentada em uma das pernas dele, e ele a servindo com um copo de cerveja, eram só alegria, estavam todos altos e tinham pelo jeito bebido bastante, a baiana (sua fantasia) era uma moça que ficou viúva muito jovem e curtia a vida adoidada, fazia parte do rol das amiga dele, aí minha prima fez questão que eles a vissem, quando ele a avistou com a viúva sentada nas pernas, apresentou a minha prima dizendo ser "a prima da mulher que eu mais amo", minha prima se retirou e não sabe de que horas terminou a farra.

Passei uma semana sem querer vê-lo, só tinha a favor dele o meu pai dizendo sempre "minha filha o homem está solteiro e vai se casar, não tem nada de mais se despedir com os colegas, e ela é uma sem juízo qualquer, ele não vai se casar com ela, e sim com você".... mas nada disso adiantava...

Depois de uma semana eu o recebi e devolvi a aliança e me retirei, ele continuava indo todos os dias, faltavam quinze dias para o casamento, ele chamou meu pai e contou o episódio, meu pai respondeu-lhe apenas que "mulher pensa diferente...".

Depois de algum tempo, num dia trinta de março nos casamos, estava um dia chuvoso e apenas mais tarde o sol apareceu e o dia ficou alegre, menos para mim que estava arriscando numa cartada perigosa a minha felicidade. Às 9 horas realizou-se o casamento civil (que só depois seria reconhecido pelo exército) e logo mais as 10 horas e trinta minutos o religioso na igreja de Santa Terezinha, no Tirol em Natal.

Passamos a nossa lua de mel num hotel em Natal, onde uma vida nova começou pra mim, ele foi de uma delicadeza e ternura sem igual, mostrando assim todo o seu amor e respeito por mim, foi a partir desta noite que comecei a amá-lo, não um amor adolescente mas um amor verdadeiro, maduro. Ele sempre me falava "se você não me amar eu tenho amor que vai dar para nós dois", isso depois daquela briga do carnaval.

Vivemos quarenta e sete anos de muito amor, companheirismo, cumplicidade, o respeito era uma constante em nossas vidas.
Se tínhamos brigas? não, apenas algumas divergências que rapidamente eram superadas. O seu maior defeito era o ciúme, ele dizia que era cuidado, zelo. Possuíamos afinidades só na música e no nosso roteiro de viagens.

Meu pai foi seu melhor amigo, ele dizia ser o pai que ele perdeu muito cedo. A minha mãe com o tempo deixou de ser a sogra para ser a mãe, ela aprendeu a amá-lo. Quando ele estava perto do seu desencarne, numa noite ele me chamou e tornou a repetir que eu fui a única mulher que ele amou.

Eu senti muito orgulhosa e feliz, em ter cumprido meu papel de esposa e muito orgulho dele também, um cidadão honrado cumpridor dos seus deveres, de uma dignidade sem máculas, tanto em seu trabalho como militar, no lar e na sociedade. E também por ter sido mãe dos filhos que ele tanto se orgulhava e amava...

Amor de outras vidas? as vezes acho que sim !

Paz, Celina.

Um amor quase perfeito, parte 4


Depois, todos mais calmos vieram conversar comigo, perguntaram o que tinha acontecido para ir um homem quase desconhecido me pedir em casamento (e eu pensava "você me paga") por mais que jurasse que não sabia de nada eles não acreditavam, ficou acertado que quando ele voltasse lá, iam ter um entendimento, para tirar tudo a limpo.

Dali a dois dias, alguém bateu o portão, era ele, com a cara mais lisa do mundo, como se fosse tudo tão natural...

Apresentou-se novamente, desta vez com todos mais calmos e disse chamar-se Júlio, nossas famílias já se conheciam, a mãe dele era velha conhecida da minha avó, viveram muitos anos no mesmo lugar.

O pior era a minha mãe, pois meu pai depois que o conheceu até que simpatizou com ele. Eu me mantive calada pensando como nossa vida de repente deu uma guinada, eu não o conhecia direito, o seu currículo não era tão correto, um noivado e diversas namoradas, que eu mesmo presenciei, ele sempre alegava que eram conhecidas e que vinham conversar com ele.

Ficou resolvido que eu deveria decidir, a minha mãe sempre dizendo que iria ficar muito triste se eu me casasse assim, como um cão sem dono. Fez ele saber que eu não sabia fazer nada, ela me criou só para estudar e não trabalhar, e nem minha roupa eu sabia lavar, nesta altura eu só faltava morrer de vergonha, se ele pensasse em viajar e levar alguém para cuidar das coisas dele, que desistisse, afinal a última palavra seria a minha.

Fiquei pensando, pedindo sempre ajuda de Deus que se fosse para o meu bem que tudo desse certo, eu sentia um certo medo dele, não sei explicar se era porque não o conhecia bem ou se estava relacionado ao fato dele ser militar, ou ainda por ser alto e forte e eu não me sentia a vontade perto dele.

Eu pedi uma semana para pensar, mas acho que foi pior pois ficava ouvindo os conselhos da minha mãe e da prima que veio morar conosco, sempre para que eu desistisse.

Eu pensava que seria bom para me curar do outro amor, e também por viajar já que eu sempre tive um espírito aventureiro e muita vontade de conhecer outras terras e gente diferente, e enquanto eu pensava, todos os dias ele vinha passar algumas horas comigo, as vezes almoçava e a tardinha voltava, o ónibus passava em frente a nossa casa.

No dia em que disse "sim", que me casaria com ele eu fiz as minhas exigências, beber com os amigos não! conversar com qualquer uma das moças que diziam ser suas namoradas nem pensar! foi marcado nosso casamento, nós escolhemos o dia trinta de março, ele ia viajar no início de abril, estava em trânsito aguardando só as passagens.

Continua...

Paz, Celina.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Um amor quase perfeito, parte 3

.......Saí um pouco para ler o bilhete, no qual ele queria marcar um encontro comigo pois dizia que tinha uma coisa para dizer, aí falei com minha prima se ela podia me acompanhar, mostrei o bilhete a ela, disse a dona da casa em que eu estava hospedada, que um rapaz vindo da capital trouxe um recado dos meus pais, como não me encontrou na cidade soube por minha família onde eu me encontrava e veio ao meu encontro.

Podia ser algo sério, quando somos jovens, como temos facilidade de inventar uma estoria! Ela falou que estava tudo bem e que avisaria ao marido.

Eu falei que iria com minha prima e estaria em uma barraca próxima, até hoje eu me culpo por ela ter perdido o baile, ela disse que não perdeu grande coisa!

Ela me acompanhou ao encontro ansiosa para saber o que ele tinha de tão importante para falar , que valeria a festa tão esperada por nós!

Ele nos conduziu a barraca enfeitada que fazia as vezes de bar, sentamos em uma mesa, ele tinha perdido a pose, estava tímido! Conversou muito, perguntou porque era que nunca tinha me encontrado antes, eu falei dos desencontros, quando ele vinha a cidade eu já tinha regressado ou vice versa.

Falou que era melhor ficarmos conversando, pois aqueles endinheirados não tinham nada a oferecer! A minha prima falou que estávamos só nos divertindo, pois ninguém ali interessava a nós duas, aí ele percebeu o que disse, como falamos hoje"pisou na bola".

Regressamos cedo ..Sr Tota declinou do convite a ceia, estava cansado, passou por nós e nos chamou, antes o apresentamos, eles já se conheciam, no interior todos se conhecem, até mesmo moradores de outra cidade.

Ele insistiu para nos trazer de volta naquela noite para a casa da minha avó, disse que falaria com Sr Tota e que não achava nada de mais! Nós não iríamos aceitar em hipótese alguma, pois tínhamos que reaver os nossos pertences e agradecer por tudo aos nossos anfitriões, e o que diríamos a nossa família?? E a nossa reputação!No outro dia seríamos assunto de todos na cidade!

No dia seguinte, partimos cedo, não sem antes agradecer a gentileza a nós dispensada, vimos comentando durante a viagem o episódio da noite anterior, por mais que conversávamos o assunto era sempre o mesmo!

Aí começou tudo outra vez, ele ficou parado enfrente ao bar olhando para dentro da casa da minha avó, o bar ficava em um local elevado, o qual favorecia a visão de toda a casa e minha tia ficava resmungando, dizendo: "Agora sim, temos uma testemunha de vista".

Ele sumiu por uns dias...

Uma noite eu e minha prima fomos comprar remédios para minha tia, justamente no horário que o ônibus da capital estava chegando, nós paramos por curiosidade para ver os passageiros desembarcando, qual não foi a nossa surpresa quando o avistamos no meio dos passageiros!
Ele fez um sinal pedindo para que eu o esperasse, se aproximou e foi logo dizendo"Parabenize sua prima que ela acaba de ficar noiva!"Imagine, ficamos em estado de choque! Só consegui dizer boa noite, conversaremos amanhã!

Voltamos, eu e minha prima não conseguíamos falar de outra coisa a noite toda! Falamos o tempo todo sobre a atitude dele, que não me perguntou nada, se eu o aceitava ou não! Nós não sabíamos como analisar tamanha situação!
Amanheceu, não tive nem tempo de tomar uma atitude, alguém bateu na porta e minha tia foi atender!Escutamos ela conversando com alguém e me chamando logo em seguida "Venha ver quem chegou!"

Minha mãe não falou nada, só disse que eu arrumasse as minhas coisas que estaríamos partindo no próximo ônibus.

Durante a viagem ela não me dirigiu a palavra, ao chegar em casa ...

Paz Celina

domingo, 6 de junho de 2010

Um amor quase perfeito, parte 2


Amanheceu o dia de sábado, a minha prima chegou e eu estava só alegria, dava dó ver aqueles que nos hospedaram, fazendo o máximo para nos agradar.

A noite chegou, nos arrumamos e fomos todos para a festa. A cidade era muito pequena, parecia mais um povoado, no quadro da rua havia a igreja, a prefeitura, e algumas casas de pessoas de posse, não havia posto de saúde, apenas uma farmácia onde o farmacêutico algumas vezes dava uma de médico, pois além de vender os remédios (que eram passados por ele) também fazia partos, quando era uma coisa mais séria o doente era deslocado para a capital ou a uma cidade mais perto com mais recursos.

Para animar a festa havia chegado um pequeno parque, completo com alguns balanços, carrossel e uma roda gigante, que era gigante apenas no nome, algumas barracas de brindes, o pessoal não estava acostumado com a novidade, para eles era uma festa e bem animada, no interior quando tem festa em uma cidade, costumavam ser prestigiadas por outras cidades vizinhas.

A noite assistimos a novena, depois fomos dar um giro pela cidade, fazendo hora para regressarmos, a minha prima não para de reclamar da desanimação...

Finalmente chegou o domingo, amanhecendo um dia bonito, ensolarado mas com uma brisa suave, e muitos cheiros no ar, o mais marcante se sobressaia, era dos abacaxis, não sei se era a vontade enorme de voltar que eu estava bem, me sentindo feliz.

Sr "Tota" era o nome do senhor dono da casa, havia recebido um convite para o baile do prefeito na casa do mesmo, a minha prima alegrou-se pois até que enfim íamos ouvir músicas e poder dançar e ver gente diferente, quem sabe talvez arranjar algum paquera...

A festa religiosa terminou pela tarde com a procissão e depois nós participamos da benção, eles eram muito religiosos e nós éramos seus hospedes.
As seis horas regressamos para descansar um pouco e nos arrumar para logo mais a noite. Vestimos as nossas melhores roupas, talvez não tão chiques, mas ao nosso favor tinha a nossa juventude, não precisávamos de muitos enfeites.

Chegamos precisamente as nove horas, alguns convidados já haviam chegado, a música ficava sob responsabilidade de uma cidade vizinha, uma banda bem animada com instrumentos de cordas e alguns de sopro além de um cantor que dava para quebrar o galho. A casa era grande e com muitos janelões, entrava-se por uma porta lateral com quatro janelas enormes na frente, num estilo mais rural, com muitos cômodos.
A primeira dama nos recebeu com muita simpatia, nos acomodou e lá para as onze horas seria servida uma ceia.

O baile começou e até hoje não sei porque não se dança a primeira música, havia muita gente de dinheiro, em sua maioria fazendeiros e políticos (que são iguais em todos os lugares e épocas), o Sr Tota fazia parte, ele não era tão rico como os outros, mas tinha terras e um engenho e morava bem.
Na terceira música alguém me tirou para dançar, um bolerão daqueles, quando estava na melhor eu olhei pela janela e quem estava lá? Ele.

No interior chama-se "ficar no sereno" em relação às pessoas que ficam do lado de fora na noite, assistindo o baile. Pois ele estava justamente no sereno, fez um sinal para mim e eu fingi que não vi, evitei passar por perto das janelas, o garoto filho do casal brincáva lá perto, ele o chamou e mandou um bilhete para mim pelo garoto.

Continua...

Paz, Celina

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Um amor quase perfeito


Havia prometido a mim mesma que um dia escreveria sobre nossa história.
Quando o conheci eu estava passando por uma grande dor, tinha perdido o homem que amava. Minha mãe tentando me trazer um pouco de alegria me aconselhou para que fosse passar o fim de ano na casa de minha avó, ela sabia que eu adorava estar com minhas primas e com a minha tia, sempre adorei aquela cidade onde tudo era muito simples e poético para mim, as simples coisas me encantavam, era como se fosse um mundo mágico.

Cheguei a cidade com apenas quinze dias faltando para o natal, as primas e amigas vieram me buscar para passear na pequena praça, sentar nos bancos e conversar. Geralmente era sobre o nosso futuro e o que pretendíamos, eu era péssima companhia, permanecia o tempo todo calada, quando era inquirida eu respondia.

Chegou o natal mas nem o vestido novo trouxe a alegria que sentia todos os outros anos, a minha tia havia mandado para costurar um vestido e me pediu para apanha-lo, fui com uma prima que estava sempre comigo. Quando cheguei lá o vestido não estava pronto, ela perguntou se nós podíamos esperar, respondi que sim e ela nos pediu para sentarmos e esperar um pouco. De repente escutei alguém perguntando as horas, era seu irmão que tinha vindo passar as festas de fim de ano com sua mãe viúva e com a irmã, a costureira.
Ele ouviu nossa conversa, se arrumou um pouco e veio nos cumprimentar, falou que estava descansando um pouco.

Eu fiquei tão sem jeito e continuei calada só a minha prima falava, pois já conhecia a família e ele também, ele fez perguntas puxando assunto e eu continuei calada (muito mais tarde eu perguntei qual sua primeira impressão sobre mim, ele respondeu "Acho que o gato comeu a língua dela", olha que coisa romântica!)

Voltamos com o vestido da minha tia que perguntou sobre a demora, a minha prima respondeu e falou sobre o irmão, onde ela resmungou "aquele enxerido esta ai?" e me deu alguns detalhes da vida dele, dizendo que ele tinha coleção de namoradas e era noivo de uma prima que morava no interior, noivou para satisfazer o desejo da mãe dele. Mas nunca tinha tempo para ir lá, era muito distante a cidade que ela morava, naquele ano ela o esperou e ele não foi vê-la, ela mandou desmanchar o noivado, vim saber bem depois.

Dando início a uma caçada acirrada, todo canto que eu ia, acabava esbarrando com ele, na igreja, na praça, ele estava sempre lá, vendo que não adiantava me escrever uma carta de amor, onde li com minha prima e demos boas risadas dos exageros.

De vez em quando ele desaparecia, vim saber depois que ele resolvia assuntos do interesse dele, sendo militar, precisava se apresentar e aguardar a transferência pois antes ele estava servindo em Fernando de Noronha e tinha pedido transferência para o Rio Grande do Sul.

Passamos o natal e a família toda estava reunida, estavam as minhas tias que moravam em sítios, os amigos da minha avó que era uma família composta por um casal e de dois filhos pequenos. Eles gostaram muito de mim e me convidaram para passar a festa de São Sebastião (o padroeiro do lugar, da pequena cidade).
E assim aconteceu, faltando uma semana para a festa, eles mandaram me buscar, me despedi da minha tia, esta dizendo que eu estava em boas mãos e que eu aproveitasse bem. Nunca me senti tão deslocada, eles moravam num casarão, cheio de varandas, tinha um engenho, algumas casinha dos moradores e um imenso canavial, e plantações de abacaxis.

A solidão era terrível, antes de viajar falei com a minha prima, que prometeu chegar na sexta-feira, passei o dia achando alguma coisa para preencher meu tempo, fui com as crianças ver o rio, as plantações de cebolas e tomates, a horta do casal, sua criação de galinhas. Vi tudo, mas não tinha nenhum livro parar ler (meu passatempo preferido).

A festa começava na sexta-feira e me decepcionei quando minha prima não veio, eu mostrava que estava gostando de tudo para não deixá-los tristes, mas era horrível. Quando chegava a noite ficava admirando o céu estrelado e os vaga-lumes piscando, pois nunca havia visto tantos...

Continua...

Paz, Celina