terça-feira, 13 de setembro de 2011

Meu primeiro amor.(continuação)

 
Somewhere in Time - Em Algum Lugar do Passado - Maksim 

continuação

Ele perguntava e minha tia era que respondia! Até hoje eu não sei o que ele perguntou tanto, estava paralisada! Quando entrava minha tia brigava comigo, me chamava de matuta.

O tempo foi passando e ele continuava conversando, eu fui criando coragem.

Minha mãe começou a desconfiar, eu não costumava ir ao portão a noite, geralmente eu gostava de ler alguma coisa para os meus pais. Uma noite estávamos conversando no portão ela chegou o cumprimentou e saiu.

O sentimento foi recíproco, nunca me senti tão amada! 

Quase todos os dias quando vinha almoçar me trazia alguma coisa, eram presentes caros, para mim e para minha tia, imagine o quanto ela ficava feliz! Até que um dia ele quis falar com o meu pai, disse que gostava muito de mim e que queria se casar, que dentro de um ano estaríamos casados.

Quando ele falou em casar eu senti medo, mais continuamos o nosso grande amor, ambos loucos de ciúmes, se pudesse medir talvez o meu fosse maior! Eu ficava aflita, ele solto por ai, enquanto eu ficava em casa presa. Em um carnaval quase morri, ele saiu com o irmão à noiva e a irmã, foi uma briga daquelas, perdi minha paz!

À medida que o tempo ia passando, o ciúme dele foi aumentando, se tornou agressivo, passei a sentir medo, por diversas vezes agrediu alguém, só de imaginar que estava me paquerando.

Mais tarde dei valor à educação que recebi dos meus pais, antes eu achava uma prisão, graças a esta prisão deixei de fazer muita besteira, do jeito que estava louca de amor, o que ele me pedisse eu com certeza não negaria! Quando saia com ele minha tia nos acompanhava, trocávamos somente loucos beijos de amor, que me deixava sem fôlego!

Perdi o sossego! De manhã até a noite ele não saia da minha mente, era como se fosse um vicio! Imagine, ele mais velho, regressando do Rio de Janeiro, namorando uma adolescente com os hormônios todos em ebulição!

Mais como tudo na vida tem um mais ......Um dia minha mãe chegou em casa horrorizada, tinha presenciado uma discussão dele com sua mãe , ela falou que nunca tinha visto tanta grosseria, ele gritando com a mãe e a pobre senhora chorando, ele feito um louco. Minha mãe falou “filha este rapaz não serve para você, veja a forma como ele tratou a própria mãe, sei do seu amor por ele, mas você esquece ninguém morre de amor” Ai eu respondi “Eu morro, não quero mais viver”. Que surpresa, eu vi a minha mãe cair desmaiada, fizeram de tudo e ela não voltava, passaram óleo, álcool, escalda-pés, nada resolvia. Minha tia já desesperada falou que nunca tinha visto sua irmã daquele jeito que era melhor chamar meu pai.

Meu pai chegou e trouxe seu patrão que era medico, começou a prestar atendimento a minha mãe, aplicando injeções etc...Enquanto isto fui ao quintal onde ninguém podia me ver, me ajoelhei e prometi a Deus se minha mãe se salvasse eu nunca mais olharia para ele!

Chorei muito enquanto orava, depois lavei o rosto e entrei angustiada para ver minha mãe, o medico disse que estava tudo bem, que o coração dela era forte, foi só os nervos, eu respirei aliviada e dei mais uma vez Graças a Deus.

Fiquei sem aparecer uns quinze dias, não tinha coragem. Ele vinha todas as noites, teve um momento que eu tive que enfrentar e dizer para ele que não o queria mais, como era de se esperar ele virou uma fera, queria que eu dissesse o motivo ai eu falei sem pensar e com medo que eu não gostava mais dele, o que ele retrucou dizendo “Já sei, arranjou outro, garota leviana, irresponsável! Mais saiba se eu encontrar com ele vou da uma surra, depois não diga que não avisei”

E continuou todas as noites na esquina, ai a minha tia falava assim “Se fosse eu renovava, ele te ama muito, já passou a raiva, na hora a gente diz coisa que não quer dizer, e outra coisa tua mãe esta ai vendendo saúde.” Eu respondi que eu tinha feito a promessa a Deus, podia até morrer, jamais voltaria atrás.

Todas as noites eu chorava, quando ficava sozinha em meu quarto, chorei muito, perdi peso, mal me alimentava, fui reprovada na escola. 

A minha mãe vendo o meu sofrimento, eu não reclamava, mais ela via, disse “este ano você vai passar as festas de fim de ano com sua avó e tia” Era a coisa mais desejada por mim, mesmo assim eu não sentia alegria.

Quando chegou o dia de viajar o vi pela ultima vez, esta lá na esquina, o ônibus passava na minha porta, ele viu quando subi no ônibus acompanhada por minha mãe, a viagem demorou 40 minutos, fui chorando até lá.

Ao chegar minha madrinha estava esperando, me abracei a ela e me debulhei em lágrimas mais uma vez! Ela cuidou de mim com aquele carinho que só ela sabia fazer, cuidando da minha alimentação, me assistindo em tudo, em um mês já estava bem melhor, tinha até ganho alguns quilinhos.

O tempo cura tudo, já estava mais alegre, ria junto com minhas primas, e já dava algumas voltas na praça. Minha mãe mandou roupas novas para mim e a fita azul de veludo para colocar nos cabelos, minha tia costurou românticos e lindos vestidos de Voale.

O natal chegou e estava bem recuperada, mais foi no ano novo que conheci aquele que seria o meu marido. Ele era militar e estava transferido para o Rio Grande do Sul e o casório tinha que ser logo, nos conhecemos em janeiro e casamos no final de março.

O meu casamento foi uma fuga!

Tive a sorte de encontrar um homem bom, que me fez feliz. Eu nunca enganei o meu marido, disse que só simpatizava com ele e que estava muito recente o fim do noivado, ele me surpreendeu dizendo que o seu amor dava para os dois!

Fui muito feliz, constitui uma família e o fiz feliz também, em pouco tempo já o amava, o verdadeiro amor que traz paz, segurança, cumplicidade, companheirismo!

Epilogo: Um dia já no Recife, fazendo compras em um hipermercado no bairro de Boa Viagem em companhia da minha filha mais velha e do maridão na fila para pagar as compras, lembrei de algo e fui buscar, foi quando olhei do lado e vi alguém muito parecido com meu ex-noivo, quando ele virou de lado o reconheci, chamei minha filha mais velha e disse “esta vendo aquele homem ali, sua mãe já foi apaixonada por ele, minha olhou, olhou, e disse “sou mais o papito”, era assim que elas chamavam o seu pai”. Eu então sorri e respondi “Eu também” 

Paz Celina.  

7 comentários:

chica disse...

Nossa ,que história bonita e que final maravilhoso. Ao menos encontraste um amor tranquilo, sereno e em paz, como merecemos e queremos todas,não é?

Adorei ler! beijos,tudo de bom( e que coincidência encontrar, heim?)

Caca disse...

EU ESTAVA LENDO ANGUSTIADO, CELINA. ACHO QUE VOCÊ SE LIVROU DE UM PESADELO, REALMENTE. PESSOAS QUE SÃO CAPAZES DE AGREDIR A PRÓPRIA MÃE NÃO SÃO NUNCA CONFIÁVEIS DO MEU PONTO DE VISTA. AINDA BEM QUE TUDO FOI MARAVILHOSAMENTE DIFERENTE PARA VOCÊ. DELÍCIA DE CONTO. MEU ABRAÇO. PAZ E BEM.

Anne Lieri disse...

Ai Celina,que linda história de uma paixao e com um final surpreendente e que eu adorei!O verdadeiro amor é mansidão,nao é essa loucura de morrer de amor!Gostei do jeito de amar por dois do seu marido!Parabéns,pois foi uma excelente escolha!Bjs,

Toninho disse...

Que historia mais comovente Celina,posso imaginar seus dias, suas lagrimas.Renunciar a um grande amor não é nada facil, principalmente que pela paixão não se vê maculas no outro e tudo quer perdoar.Mas lembro que esta coisa de promessa tinha lá seu peso nas pessoas.Fica claro que ninguem trás a estrela na testa,mas felizmente voce se salvou de cair nas garras de uma fera.E sabemos de muitos casos assim pela vida.Mas o coração de mãe que parecia fraco,foi forte o suficiente para prever.
Ainda bem que Papito superou tudo e fez de voce uma pessoa feliz, como sempre se sonha.
Meu carinhoso abraço a voce,desejando uma feliz fim de semana na paz e com o carinho da familia.
Bju no coração.

Maria Rodrigues disse...

Querida amiga adorei ler a sua história. A paixão é muitas vezes cega e depois do fogo arrefecer vem muitas vezes a tristeza da desilusão. Para mim o amor é muito mais do que paixão, ele tem de trazer também paz, companheirismo, serenidade, tal como o verdadeiro amor que conseguiu encontrar.
Beijinhos
Maria

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Boa tarde, querida amiga Celina.

Quanta saudade...
Muito obrigada pela sua gentileza.
Sobre aquele tratamento, gostaria de saber. Que tudo esteja muito, muito bem.
Voltarei depois, para ler com mais calma.

Beijos no coração.

Graça Pereira disse...

Ás vezes...acontecem pesadelos na nossa vida! Felizmente há a voz de uma mãe, a nossa conci~encia e o próprio tempo...para fugirmos de um desastre! E o papito sempre era outra coisa...ouro puro!
Adorei este final!
Beijocas
Graça