domingo, 13 de junho de 2010

Um amor quase perfeito, parte final


Fomos cuidar do enxoval, só o necessário, mamãe começou a chorar desde este dia, ela também exigiu só sairíamos de lá depois de casados no católico e no civil, desta vez ela quase saia vitoriosa, pois ele ainda não tinha cinco anos como sargento, e segundo as normas daquela regra não poderíamos nos casar, mas os amigos dele o orientaram para que ele casasse no católico e depois oficializasse a união quando completasse o prazo

O carnaval neste ano caiu em março, logo no início do mês, ele me avisou que não poderia vir passar comigo pois iria resolver uns assuntos, só na segunda-feira estaria voltando, eu nem pensava em ir, a prisão agora era reforçada, mas a minha prima foi passar o carnaval em casa.

Quando voltou ela olhava para mim de forma diferente, ria como se quisesse dizer algo, até que foi forçada a contar o que tinha havido, isto se eu prometesse não contar a ele, eu prometi e ela contou que tinha ido ao baile no clube e se deparou com ele numa mesa com uns cinco amigos, e uma baiana muito linda, sentada em uma das pernas dele, e ele a servindo com um copo de cerveja, eram só alegria, estavam todos altos e tinham pelo jeito bebido bastante, a baiana (sua fantasia) era uma moça que ficou viúva muito jovem e curtia a vida adoidada, fazia parte do rol das amiga dele, aí minha prima fez questão que eles a vissem, quando ele a avistou com a viúva sentada nas pernas, apresentou a minha prima dizendo ser "a prima da mulher que eu mais amo", minha prima se retirou e não sabe de que horas terminou a farra.

Passei uma semana sem querer vê-lo, só tinha a favor dele o meu pai dizendo sempre "minha filha o homem está solteiro e vai se casar, não tem nada de mais se despedir com os colegas, e ela é uma sem juízo qualquer, ele não vai se casar com ela, e sim com você".... mas nada disso adiantava...

Depois de uma semana eu o recebi e devolvi a aliança e me retirei, ele continuava indo todos os dias, faltavam quinze dias para o casamento, ele chamou meu pai e contou o episódio, meu pai respondeu-lhe apenas que "mulher pensa diferente...".

Depois de algum tempo, num dia trinta de março nos casamos, estava um dia chuvoso e apenas mais tarde o sol apareceu e o dia ficou alegre, menos para mim que estava arriscando numa cartada perigosa a minha felicidade. Às 9 horas realizou-se o casamento civil (que só depois seria reconhecido pelo exército) e logo mais as 10 horas e trinta minutos o religioso na igreja de Santa Terezinha, no Tirol em Natal.

Passamos a nossa lua de mel num hotel em Natal, onde uma vida nova começou pra mim, ele foi de uma delicadeza e ternura sem igual, mostrando assim todo o seu amor e respeito por mim, foi a partir desta noite que comecei a amá-lo, não um amor adolescente mas um amor verdadeiro, maduro. Ele sempre me falava "se você não me amar eu tenho amor que vai dar para nós dois", isso depois daquela briga do carnaval.

Vivemos quarenta e sete anos de muito amor, companheirismo, cumplicidade, o respeito era uma constante em nossas vidas.
Se tínhamos brigas? não, apenas algumas divergências que rapidamente eram superadas. O seu maior defeito era o ciúme, ele dizia que era cuidado, zelo. Possuíamos afinidades só na música e no nosso roteiro de viagens.

Meu pai foi seu melhor amigo, ele dizia ser o pai que ele perdeu muito cedo. A minha mãe com o tempo deixou de ser a sogra para ser a mãe, ela aprendeu a amá-lo. Quando ele estava perto do seu desencarne, numa noite ele me chamou e tornou a repetir que eu fui a única mulher que ele amou.

Eu senti muito orgulhosa e feliz, em ter cumprido meu papel de esposa e muito orgulho dele também, um cidadão honrado cumpridor dos seus deveres, de uma dignidade sem máculas, tanto em seu trabalho como militar, no lar e na sociedade. E também por ter sido mãe dos filhos que ele tanto se orgulhava e amava...

Amor de outras vidas? as vezes acho que sim !

Paz, Celina.

14 comentários:

Caca disse...

Celina, eu me emocionei desde o iníco com o seu conto. Acho , inclusive, que este é um amor perfeito, raro, desejável e muito belo. Parabéns pela vida tão cheia de graça, maturidade e partilha. Meu abraço mais carinhoso. Paz e bem.

gregus disse...

Celina, me emocionei bastante no decorrer da sua história, parabéns por tudo que você é e representa.

Grande Beijo,

do seu leitor número 1 !!

Luz de Vagalume disse...

Celina,sua historia de amor é mais que perfeita,pois é real!Gosto de sua narrativa,simples e cheia de emoção!Um grande abraço
Luz de Vagalume

Anônimo disse...

Celina,que história maravilhosa vc viveu com seu amado!De onde estiver ele acompanhou essa narrativa emocionado tb!Bjs,

Anônimo disse...

Celina,que história maravilhosa vc viveu com seu amado!De onde estiver ele acompanhou essa narrativa emocionado tb!Bjs,

Mariana disse...

Lindo, emocionante, o que dizer mais?
Muito obrigada por publicares.

chica disse...

Tua história de amor nos encantou a todos.Linda!beijos,tudo de bom,chica

Jardineiro de Plantão disse...

Olá, Fui de férias 22 dias para as suas bandas o que levou a estar afastado durante algum tempo... já vi que tenho muito para ler no seu blog, pouco a pouco me irei actualizando.

Abraços
PS.
Muito bonita a sua cidade.

Sônia Silvino (CRAZY ABOUT BLOGS) disse...

Que linda e emocionante história de um verdadeiro amor! E raro, amiga!
Como você está no meu coração
e no meu pensamento, vim conferir
as novidades por aqui. E adorei!!!
Desejo um excelente final de semana pra você!
Beijinhos, muitos!
Sônia Silvino's Blogs
Vários temas & um só coração!

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Linda e encantadora história de amor. Não sei mais o que dizer. Emocionante. Beijos e bom final de semana.

Maria Rodrigues disse...

Amiga, que linda história, simplesmente maravilhosa.

Tenha um feliz fim-de-semana

"A felicidade não está em viver, mas em saber viver. Não vive mais o que mais vive, mas o que melhor vive, porque a vida não mede o tempo, mas o emprego que dela fazemos." (Autor desconhecido)

bjs do tamanho do infinito
Maria

ONG ALERTA disse...

Emocionante, quando os corações se encontram só pode ser amor, paz. Beijo Lisette

Maria Rodrigues disse...

Querida amiga, recebi um selinho que não podia de deixar de repartir consigo, por isso deixei o selinho e uma flor de presente para si , lá no meu cantinho, está em:

http://algarve-saibamais.blogspot.com/2010/06/obrigado-amiga-ana.html

O seu blog é super especial e merece esta pequena atenção. Espero que goste.

Bjs do tamanho do infinito
Maria

Paula Barros disse...

Mesmo demorando a voltar a ler, não queria que chegasse ao fim, você contou de uma forma envolvente, assim como foi o amor de vocês.

abraço